Italiano investe R$ 1 milhão para oferecer experiências gastronômicas na Serra da Cantareira

Alberto Goitre passou quatro anos desenvolvendo produtos e expositores para a Frutta e Crema, que nasceu como sorveteria e hoje é um restaurante

O italiano Alberto Goitre já morava no Brasil havia cerca de duas décadas quando sentiu vontade de trazer um pouco dos sabores da terra natal para cá. Ele investiu nos gelatos, que estavam em alta por aqui, e passou anos estudando como replicar as receitas que conheceu na Itália, para oferecer um sorvete saudável aos brasileiros. O Frutta e Crema nasceu desse sonho e, hoje, fatura milhões oferecendo uma experiência gastronômica italiana que vai além das sobremesas na Serra da Cantareira, em São Paulo.

O restaurante Frutta e Crema está localizado na Serra da Cantareira, em São Paulo

O fundador e sua esposa e sócia, Glédis de Morais Lúcio, concederam entrevista diretamente de Ligúria, cidade no litoral da Itália, em uma das viagens que fazem por ano para o país, em busca de inspiração e referências. De frente para uma paisagem recortada por oliveiras, o italiano relembrou o início do Frutta e Crema, há oito anos. Com passagens por multinacionais como engenheiro, ele buscava uma forma de se conectar mais com o país nativo.

Na época, a sorveteria Bacio di Latte estava entrando no mercado com força, e ele notou que o gelato seria uma boa alternativa para investir no Brasil. “A gastronomia é o que os italianos mais exportam. Fui fazer cursos e encontrei outros engenheiros que trabalhavam na área. Começaram a me contar os segredos das sorveterias italianas artesanais”, recorda o empreendedor.

Por quatro anos, Goitre trabalhou na pesquisa para criar a base do sorvete da forma mais natural possível, reduzindo a parte química de aditivos e conservantes. Ele também aproveitou a experiência como engenheiro para criar os expositores (freezers e quiosques), pensando em baratear os custos elevados de produção. Ao todo, o fundador investiu R$ 1 milhão em pesquisa e desenvolvimento.

Ao seu lado na empreitada estão a esposa, Glédis de Morais Lúcio, e seu irmão, Levi de Moraes Lúcio, que já trabalhavam juntos há duas décadas no escritório de advocacia dela. Levi também gerenciava alguns imóveis que o italiano aluga. “Tudo começou sem intenções comerciais. Durante os testes, ele fazia os sorvetes em casa e todo mundo convidava a gente para as festas, éramos o casal mais sociável da Serra da Cantareira”, brinca a sócia.

Os sócios por trás do Frutta e Crema: Alberto Goitre, Glédis de Morais Lúcio e Levi de Morais Lúcio

O lançamento dos gelatos só aconteceu em 2016, com a comercialização em uma cafeteria que tinha acabado de abrir as portas na serra, o Jacques Café. As vendas surpreenderam os sócios e, em poucos meses, eles decidiram abrir uma loja própria. “Era só uma laje e muitos sonhos. Mas eu falei: brasileiro não come sorvete no frio, aqui é quatro graus abaixo do que no centro de São Paulo, como vamos pagar o aluguel no inverno?”, relembra Glédis.

O Frutta e Crema oferece outras experiências gastronômicas italianas além dos gelatos, como as focaccias

A saída foi trazer outras experiências italianas para o espaço de 200 metros quadrados, integrado com a floresta. Atualmente, o Frutta e Crema também trabalha com produtos de cafeteria e focaccias. A ideia é replicar o mesmo conceito de produtividade que Goitre adotou com o gelato, usando matéria-prima natural e simplificando o processo para possibilitar o fácil treinamento da equipe.

Do café da manhã ao jantar, os pratos do restaurante não levam óleo de soja nem margarina. Boa parte dos insumos são trazidos da Itália, como manteiga, azeite, farinhas e creme de leite. “Há o preconceito de que pratos saudáveis são insossos, mas não precisam ser. Nós queremos juntar sabor com saúde, usando bons ingredientes. Nosso gelato tem açúcar, por exemplo, mas não usamos corantes e emulsificantes, nem gorduras. Tentamos ser o mais saudável possível”, explica Glédis. São mais de 60 sabores de gelato: frutas, como morango e coco, creme de leite, pistache, nozes, avelã, chocolate belga, entre outros.

Os gelatos artesanais do Frutta e Crema são feitos sem conservantes e corantes, a partir de frutas e outros insumos

Em 2018, primeiro ano de atuação da sede própria, o faturamento do Frutta e Crema foi de R$ 420 mil. No ano seguinte, o crescimento foi de 150%. A pandemia prejudicou as projeções da empresa, que ficou seis meses de portas fechadas, entre 2020 e 2021. Para este ano, a estimativa é crescer 25% com o projeto de expansão 50&50, que visa fechar parcerias com estabelecimentos comerciais para atuarem como pontos de venda do gelato artesanal.

Além da sede, os produtos já são vendidos na arena esportiva The Bali, do ex-jogador de futsal Falcão, também na região da Cantareira. A Frutta e Crema também firmou uma parceria com a Urbia, empresa que administra as concessões dos parques na capital paulista. Atualmente, os carrinhos de gelato já circulam no Horto Florestal, com planos de expandir para outros espaços, como o Ibirapuera.

Os sócios também investem em uma fábrica própria, onde ficará a cozinha artesanal para produzir os gelatos e as foccacias em maior escala, fornecendo os itens necessários para apostar na expansão pelos quiosques em contrato de comodato.
O famoso café da manhã com vista no ponto mais alta da Serra da Cantareira
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